Não é à toa que quando It’s Okay to Not Be Okay (Tudo Bem Não Ser Normal) chegou ao catálogo da Netflix, em 2020, se tornou o programa mais popular na Coreia do Sul, dentre tantos outros do gênero romance. É encantador do início ao fim, com um enredo nada exaustivo, muito pelo contrário. Quanto mais você assiste, mais aumenta a curiosidade e a vontade de saber como as coisas vão acontecer no decorrer dessa série totalmente sarcástica, divertida e sensível.
O Drama, que em tradução literal deveria se chamar “Psicopata, mas tudo bem!” (사이코지만 괜찮아) – o que cairia muito melhor por sinal – tem como casal principal os protagonistas Koo Moon-young (Seo Yea-ji) e Moon Gang-tae (Kim Soo-hyun). Ela, uma escritora famosa, ele, um assistente social que atende pacientes com distúrbios psicológicos e psiquiátricos. A primeira interação entre os personagens já começa de maneira inusitada e, para aqueles que não assistiram, a partir daqui só teremos spoilers!
“I want him”
A obsessão e insistência quase doentia de Koo Moon-young por Moon Gang-tae é o que torna esse romance possível. Ao contrário dele, o que não falta nela é confiança, uma arma poderosa para fazer com que ele finalmente se renda. Gang-tae atende várias expectativas dela só por existir, já que é um homem bastante atraente.
O coração de Gang-tae é enorme, mas parece até pequeno se pensarmos no quanto ele dedica sua vida a uma só pessoa: seu irmão Moon Sang-tae (Oh Jung-se). Por ser autista, Sang-tae é bastante sensível, e o único que consegue compreender, ou pelo menos se esforça para, é Gang-tae. Porém, isso não é nada comparado ao trauma de Sang-tae: ter sido testemunha do assassinato de sua mãe. A lembrança que ficou da assassina foi um broche de borboleta que ela usava. Ver borboletas voarem durante a primavera se tornou um gatilho para crises de desespero, e estava definitivamente fora de questão.
Assim que eu vi o quanto o irmão autista era dependente de Gang-tae, inclusive por só terem um ao outro na vida, não imaginava como ele poderia se desprender do irmão em algum momento. Foram muitas mudanças de localidade que aconteciam todas as primaveras, tentando evitar que o irmão mais velho observasse alguma borboleta. Seria natural que a separação entre os dois acontecesse em algum momento, eu só não conseguia imaginar como antes dela acontecer.
A boa notícia é que finalmente o nosso protagonista conseguiu um emprego por indicação de Nam Joo ri (Park Gyu-young), após perder tantos em tentativas de evitar as crises do irmão durante aquela estação do ano. Sério, até parecia que Joo ri tinha coisas em comum com Gang-tae, mas nada melhor do que ver as coisas fluindo entre ele e Moon-young.
Nossa Nam Joo ri, destinada a permanecer nesse triângulo amoroso por culpa de uma escritora obcecada por alguém que ela mal conhece. Porém, não podemos esquecer que essa é a graça de tudo. Joo ri era a única personagem que aparentemente só tinha um problema na vida: não ser correspondida.
De fato, ela é uma mulher gentil, pouco excêntrica, talvez a mais normal dentre os personagens da série, incluindo os coadjuvantes. A timidez dela, o modo como ela leva uma vida simples, só observando nosso protagonista, deixa isso muito claro. O medo de ser rejeitada está nos olhos e no coração dela. Mas muitas vezes para conseguir o que queremos nós temos que arriscar, não é mesmo?
Desistir nunca foi uma opção
E então, começamos com Koo Moon-young e sua personalidade única. Acho que se eu fosse médica poderia diagnosticar ela como psicopata, ou que ao menos possui alguns traços fortes, tendo em mente que ela pretendia intencionalmente machucar alguém com uma faca que ela roubou logo no primeiro episódio. Naquele momento, Gang-tae se mostra um homem até corajoso, segurando a faca no ato e cortando a própria mão. Apesar disso, como é possível ver ao longo dos próximos episódios, uma das coisas que mais faltam nele é coragem.
Moon-young foi seguindo uma ideologia totalmente oposta ao que os terapeutas amorosos recomendam: quanto mais é rejeitada, mais ela o deseja. Não consigo imaginar alguém na vida real tendo uma personalidade tão marcante quanto a dela, chegando ao ponto de perseguir alguém da forma como ela fez com Gang-tae. Daqui, temos os momentos mais sarcásticos e cômicos da série, afinal, a lição é que “tudo bem não ser normal”.
Gang-tae também descobre muito sobre a nossa Moon-young com os livros que ela escreve. Abrindo um parêntese, é realmente admirável a criatividade de quem desenvolveu aquelas narrativas tão profundas e tocantes. Sério, a mensagem por trás de “O Menino Zumbi” me deixou encantada, inclusive por fazer tanto sentido dentro do enredo da série.
O irmão autista Moon Sang-tae contribuiu muito para isso, já que é um super fã da escritora e tinha todos os livros em casa. Penso que ele foi de certa forma um cupido na telenovela. É muito bom ver a dinâmica excêntrica dela, com a mania de perseguição. Temos cenas fortes, inclusive. Me pergunto se fora do mundo dos Dramas existiria alguém tão confiante quanto Moon-young. Com certeza, a ‘psicopata’ do título desse drama é ela.
Seo Yea-ji e Kim Soo-hyun trabalham muito bem juntos, e têm uma química no olhar que aquece o meu coração. Não parecem só cenas de atuação, os olhares são convincentes demais para isso. Simplesmente perfeitos!
Não tem como negar, eles se aproximam da melhor forma possível. Idas e vindas, enquanto a necessidade de protegê-la crescia cada vez mais. Moon-young, agora é só esperar, porque essa paixão fará com que o nosso protagonista entenda que o coração dele pode ser de mais uma pessoa. Acredito que esse casal é um dos mais bonitos no universo dos K-Dramas.
Moon Sang-tae, por quê tu és assim?
Olha, eu já assisti outros três Dramas com personagens autistas. O mais recente, “Uma Advogada Extraordinária”, e “Uma Chance de Vida”. Nosso Moon Sang-tae, como todos os autistas, “vive no próprio mundo”, mas a dependência pelo irmão acaba é piorando o quadro dele. Com tantas crises de ansiedade, manias e ciúmes do irmão, parecia que ele jamais iria conseguir se desprender.
Por sorte, ele tem uma habilidade muito preciosa: é um excelente artista. Ao perceber que seu talento pode ser mais que um hobby, nosso autista acaba buscando independência. No início, nunca considerei que esse seria o caminho para que o romance entre Moon-young e Gang-tae pudesse florescer, mas foi uma brilhante escolha para o enredo.
Quando não tem mais volta
As cenas de beijo entre esses dois são intensas. Tudo parece ser tão real nessas cenas… Acho que são os beijos mais quentes e convincentes, dentre tantas cenas de beijos de língua cinematográficos que aparecem nos filmes e séries mais famosos.
Não chora, Joo ri! Você perdeu o bofe, mas finalmente criou coragem para abrir seu coração. Basicamente, você se libertou de um sentimento oprimido. A nossa menina desiludida ficou um bom tempo de luto por esse amor não correspondido… Só espero que se houver uma próxima você supere mais rápido, tá?
Cenas fortes!
Gente, essa cena me prendeu muito. Além de ser um momento marcante de reconciliação, provando mais uma vez que “tudo bem não ser normal”, deixa a mensagem de que a culpa e os traumas podem sim ser superados, e não são fortes o suficiente destruir uma relação tão intensa e verdadeira.
Não só para mim, mas acho que para a maioria das pessoas, são as melhores cenas. Quando finalmente tudo é superado e resolvido. E fluiu muito bem até chegar aqui, superando muita coisa, inclusive uma grande tragédia. Na vida real, a mãe de Moon-young seria uma das pessoas mais psicopatas que já existiram nesse mundo.
Olha isso, Joo ri!
Eu disse que seu momento ia chegar! Além de ter saído da caixinha, você conseguiu despertar o amor nesse coroa ambicioso.
Olha, nunca pensei nesses dois como um potencial casal, mas foi bom ver que nossa menina não ficou sozinha no final. Realmente eu quero acreditar que o nosso Lee Sang In (Kim Joo-hun) será o que ela procura. Houve sinais de que ele evoluiu, deixando o papel de assessor chato que só pensa em manter a fama da nossa escritora. Só não posso ignorar totalmente o fato de achar que você é um pouquinho nova para ele, né? Chutaria que ele tem uns 40 anos… Mas é como dizem: não existe idade para o amor.
A happy ending, baby!
E assim, finalizamos nossa análise sobre os personagens dessa telenovela sul-coreana. Uma escolha excelente de elenco que entregou tudo! Zero defeitos. Não há absolutamente nada desse Drama que não seja interessante. Tá nos melhores dos melhores. Se alguém me pedir indicações de dramas coreanos na Netflix, esse será o primeiro na lista!